eu, mulher; e; o espaço, público.

Esta fala terá observações da participação da mulher nos espaços de participação politica no âmbito do movimento estudantil. Retomando a luta de mulheres nos anos 70 no Brasil na reinvindicação por creches. Partindo da conjuntura da UNIFESPIMENAS, campus que o movimento estudantil luta no contra fluxo das politicas públicas como o REUNE que prevê expansão do ensino superior com pouco financiamento para responder a demanda de luta dos movimentos populares na periferia, por uma universidade. Com tudo nessa mesma mobilização muito legitima do movimento estudantil as mulheres enfrentam problemas na sua participação e na legitimidade de pautas reconhecidas como das mulheres, a creche.

Nos cadernos da “ A nossa história 1” realizado pela associação das mulheres e associação das donas de casa em Junho de 79 podemos perceber que na sua capa se evidencia pautas como a creche, igualdade no trabalho e no salario, e liberdade de organização. Neste em história em quadrinhos podemos perceber que o movimento buscava desde uma ruptura e transição da mulher no âmbito privado, domestico onde trabalhavam cotidianamente sem remuneração e nem reconhecimento disto enquanto um trabalho. Para o âmbito público das fabricas e do mundo do trabalho. Neste contexto foi construída uma luta por igualdade para disputar e ocupar os espaços que historicamente foram construídos como espaços legítimos dos homens.

Na obra da Simone de Beauvoir em 45 no seu livro “Segundo Sexo” uma de suas frases e das mais importantes para a construção do movimento feminista foi “Não se nasce mulher, torna-se” é nessa base que se inicia uma discussão de gênero problematizando, a mulher, como um sujeito culturalmente construído. Neste sentido entra o debate de empoderamento da mulher na disputa por equidade, ou seja, visto que ocupamos os mesmos espaços em proporção quantitativa precisamos conquistar o mesmo poder e a mesma legitimidade. Homens e mulheres se fazem presente nos espaços do mundo de trabalho. No entanto há uma divisão sexual do trabalho onde mulheres estão ligadas a profissões relacionadas aos cuidados que por sua vez são desvalorizadas, exemplo, a profissão docente, da enfermagem, em contrapartida os homens estão mais inseridos nas profissões que são mais valorizadas. Além disso, encontramos em maior quantidade homens nos espaços públicos de evidencia do que as mulheres, em cargos de poder e etc…

Essa abordagem na Simone e nessa problemática do mundo de trabalho e de empodermento da mulher, são os discursos que encontro mais vigentes nos espaços que eu circulei dos movimentos feministas que estão ligadas a uma concepção de luta por direitos.

Mas sei que tanto na literatura feminista como nos diversos movimentos que existem há outras vertentes que são a questão do reconhecimento da Nancy Fraser, os problemas da naturalização discursiva sobre o sexo evidenciados da Judith Butler. E como essas questões vão sendo abordadas ou não pelos movimentos sociais, sociedade civil e politicas de forma geral, e mais o quanto a literatura retrata as questões e problemas sociais pertinentes.

Com tudo acho que claro além de beber tais fundamentais e experiências anteriores registradas acredito na importância de fazermos a leitura das nossas questões que apesar de parecerem claras e obvias, observando podemos entender alguns entraves. Nesse momento que estamos em GREVE, momento de paralisação das atividades, pois existe uma serie de fatores necessários que precisamos reivindicar no espaço da universidade a garantia do direito à educação de qualidade, um dos eixos desta pauta de reinvindicações do movimento estudantil a principio foi à creche. Após alguns dias de construção da GREVE um grupo de mulheres estudantes preocupadas com a possibilidade da retirada das creches enquanto pauta de reivindicação organizaram este debate, pois essa demanda é muito cara para as mulheres principalmente as que têm filhos, meu caso.  O que gostaria de provocar nesse sentido é porque numa construção coletiva, na universidade em greve (local onde supostamente estamos refletindo o processo, caminho pelo qual estamos construindo e percorrendo coletivamente). Porque a retirada da creche enquanto pauta foi uma questão somente de mobilização de mulheres? (É claro já sei alguns homens o fizeram nos espaços das assembleias dos cursos) mas em sua grane maioria foram às mulheres sensibilizadas pela temática. Será que os homens ou mesmo mulheres que não tem filhos não podem se preocupar com esse tal direito especifico que deve ser garantido pela universidade? As pessoas devem lutar somente pelo o que lhes convém ou interessam?

E visto que levantando esta questão estou abordando numa questão que vem sendo recentemente abordada por pensadoras, por exemplo, sabemos que recentemente a luta dos movimentos sociais tem se apresentado pelas suas demandas especificas LGBTT, feministas, étnicas, de juventude e etc. E então fazem o discurso da fragmentação das lutas sociais, supondo que cada um irá lutar, militar dentro do que esta mais próximo das suas questões, desejos, identidade enfim. Nesse caso esta implícito o que? Os direitos de mulheres deve ser uma luta das mulheres, os direitos dos negros, indígenas, quilombolas devem ser lutas dos negros, indígenas e quilombolas. A luta do movimento LGBTT deve ser realizada pelas lésbicas, gays, bixessuais , travestis e etc. No entanto todos esses grupos são minorias, não minorias em quantidade. São grupos que não são reconhecidos pelo sujeito e discurso vigente que é do homem, heterossexual, branco. Então a responsabilidade é desse ultima persona citada?
Não, também porque a questão é discursiva e da linguagem, nas leis, nas estruturas politicas, no pensamento, nos espaços de participação.

Voltando a questão da educação, a creche não é um direito que deve ser conquistado essa luta já aconteceu (só para reforçar por mulheres). Esse direito da criança esta expresso desde na declaração universal dos direitos humanos até na constituição federal. Nas Leis de diretrizes e bases da educação Nacional ao Estatuto da criança e do adolescente.  E inclusive no estatuto da própria universidade. Claro nos também reconhecemos os problemas que um estado de direito que guarda dificuldades de execução e armadilhas em suas leis. Afinal como diria Marx “O direito e (eu acrescento) as leis, são os chicotes do capitalista burguês” nesse sentido a não incorporação da creche no suposto projeto do novo prédio vai desde um problema de complexidade entre as competências dos entes federados até um esvaziamento de interesses políticos de aprofundamento desta como uma questão prioritária para o acesos e permanência das mães do campus. Sem visibilidade esta pauta restringe a autonomia das mulheres e o direito à educação das crianças.

Por fim, eu finalizo laçando a proposta de pensarmos juntos, independente, de sexo, de gênero, ou desejo no que diz respeito à maternidade ou paternidade. Transformarmos a pauta da “CRECHE” desde uma pauta politica propositiva de GREVE no que diz respeito ao acesso e garantia do direito humano a educação de qualidade tanto para as crianças como para seus responsáveis estudantes, professores, funcionários e moradores ao entorno do campus. Mas também evidenciar a partir disto os problemas de gênero que circulam entre-nos.

Debate realizado na Greve UNIFESPIMENTAS de 2012 – Os problemas de gênero.
Data: 19/04/2012.
Local: UNIFESPIMENTAS – No Pátio.
Texto: Agnes Karoline

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