50 anos de medo, tortura, censura e morte de um pais…

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A ocupação Carlos Marighella, ao mesmo tempo que luta por uma moradia digna. Se depara com o autoritarismo da polícia militar e seus abusos de poder. E também com uma elite que em prol de segregar não somente a riqueza do país, a cidade, as ruas…Criam muros todos os dias. E desta vez o muro não foi só simbólico.

No dia 29/09, três dias após a ocupação, um grupo autodenominado “Associação de Moradores da Granja Viana” junto com a guarda municipal de Carapicuíba e da polícia militar iniciaram, a construção de um muro em uma das ruas que dá acesso a ocupação Carlos Marighella. Com o argumento, é que a rua foi feita por eles e que por isso poderiam fechá-la quando bem entenderem.
Mas esqueceram que além de impedir o acesso das famílias da ocupação Carlos Marighella, o muro também impedia a passagem de moradores da comunidade que moram ali próximo.O resultado da indignação dos moradores da comunidade está clara nas fotos que mostram o muro derrubado. (https://www.facebook.com/mtstbrasil/posts/800661416638858)

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Os muros e a segregação da cidade tanto nos envergonha, quanto demonstra o preconceito que os ricos têm dos pobres. Principalmente dos pobres que lutam por uma vida digna.

Além desta ação ilegal da Granja Vianna. Acompanhamos em várias ações da polícia militar para criminalizar a ocupação e os acampados, nos primeiros dias da ocupação estes cercavam o entorno e impedia as pessoas de passarem principalmente se estes estavam com algum material que denotava fazer parte da ocupação, como bambu, lona, martelo Assim como apreendiam os mesmos materiais. Muitas vezes, levaram de forma ilegal carros e motos, dizendo que estavam estacionados em lugar irregular. No entanto a rua ouro preto não tem placas, e se os automóveis estão estacionados desde que não  obstrua o fluxo da rua não há nada de irregular, como bem não explicou um representante da C.E.T que também foi até o local.

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Além disso, ocorriam abordagens a todo tempo com todos que circulavam pelo local, construindo que ali certamente tinham suspeitos. Em uma madrugada entraram na ocupação, sem identificações foi o Tenente Christiano inclusive, que o reconheci no momento, sem ordem judicial, dizendo que havia tido um disparo de tiro. Entraram causando transtorno para todos que já estavam dormindo, assustando as crianças e as mulheres. E fortemente armados. Nós pedíamos a eles que também entrasse desta mesma forma em uma das casas da granja Vianna, que em um dia que as crianças brincavam em um terreno da frente da ocupação, jogavam bola, e foram disparados desta casa, número 42, oito disparos de tiros. Obviamente que eles não fizeram o mesmo! Nesta mesma madrugada eles pegaram o primeiro homem, jovem, negro e disseram que ele era suspeito. E levaram para fora da ocupação, até puxar seu RG. Viram que estava limpo e por causa da nossa mobilização tiveram que liberá-lo.

Nós sabemos que são cenas como estas, que acontecem todos os dias na periferia, onde os nossos filhos, primos, tios e irmãos….Somem, quando por algum motivo passam pelas mãos da polícia. O que seria isso se não preconceito e genocídio?

Do outro lado, os granjeiros não satisfeitos com, os muros e a violência por parte da polícia. Contrataram seguranças privados. E estes também cometeram várias abusos e violações dos direitos. Como abordar, revistar, bater e deter objetos dos acampados.

Além desse cotidiano de terror, construído pela polícia, granja, e segurança privada. A promotora Camila, ao invés de julgar como afirma a lei, ao invés de exercer seu cargo em função da lei. Tornou-se advogada particular dos granjeiros. Abrindo um processo civil, tendo uma das militantes do movimento como testemunha, mas que pelo tom parecia mais uma réu. Logo depois, surgiu quatro processos criminais contra a mesma militante, um deles, desobediência civil por chegar atrasada no dia do depoimento, esbulho possessório e ameaça porque os granjeiros se sentem ameaçados pelas ferramentas que usamos para construir nossos barracos como inchadas, martelo, facão. Constrangimento ilegal, dano e ameaça por conta do muro.

E furto da água.Fizemos um pedido para a Sabesp ligar a água para a ocupação. Cometendo uma violência institucional a Sabesp se negou a ligar, com a argumentação, de que se ligasse a água estaria ajudando a legitimar a ocupação. Mas no processo civil, deixaram muito nítidos que sem ordem judicial não desligariam a água. Um dia depois, de o desembargador negar o pedido que o ministério público de Carapicuíba pedirá reintegração de posse. A Sabesp chega ao acampamento acompanhado da Polícia Militar leva cinco companheiros detidos e deixa mais de 4 mil famílias sem água, a pedido da promotora30.

Policiais civis também nós visitaram para dizer o seguinte: ”que tem negócios, e falar de quais são as suas terras. Logo para não ocuparmos, para não ter problemas com eles. E também para lembrar que o Marighella era muito bom, mais morreu”.

Há uma ligação da violência estatal de ontem com a de hoje31. Nesse sentido já queríamos agradecer de antemão a comissão de direitos humanos da assembleia que abriu este espaço para o MTST realizar as denuncias que o Estado de direito diferente da ditadura militar, mas também continua perpetuando a violência. E seus agente continuam a perpetuar sobre a lógica de reiterar as desigualdades sociais e não superá-las.Pedimos um posicionamento sobre estes fatos desta comissão e de toda esta assembleia. A juventude e a periferia que é negra não aguentam mais morrer e não aceitamos mais ser vitimas das desigualdades produzidas historicamente. Nós queremos viver, e exigimos uma vida digna! Com todos os direitos e acessos que nos cabem, como de moradia, a cidade, ao transporte público de qualidade, a segurança desmilitarizada e ao exercício da política que não seja autoritária! http://letras.mus.br/caetano-veloso/um-comunista/

MTST!
A luta é pra valer!
Ontem e sempre….Marighella e todos que lutaram por um outro país. Vivem. Pela a resistência que fazemos no hoje!

Observação: No movimento dos trabalhadores sem teto a presença das Mulheres se dá de outra forma!!! Temos espaço! Tem questões menores que também expressa o machismo da sociedade. Afinal, fazemos parte de um movimento social e não de uma bolha. Esse texto foi escrito para a fala que fiz na assembleia legislativa, onde teve uma audiência pública por conta dos casos de violência do Estado que ocorrerão contra a Ocupação Carlos Marighella. O que é muito contraditório pois no mesmo período que tivemos essa audiência o mesmo Estado estava publicando os dados da Comissão Nacional da Verdade e violência contra os em teto ainda existe permissividade por esse mesmo Estado.

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